Autismo e espiritualidade
Autismo e espiritualidade
Por Jhony Fabiano Cordeiro, Autista, Espírita, Graduado em Química pela UFPR, Servidor Público do Estado do Paraná.
Em um primeiro momento, parece que essas duas coisas não podem existir simultaneamente, devido à literalidade tão presente nos autistas e à carga um tanto quanto mágica, surreal, presente nas religiões. Porém, no meu caso, pessoa autista que tem contato com a religiosidade desde que nasceu, percebi despertar em mim o desejo de ir além do mágico e buscar entender um pouco mais sobre essa ligação do homem com a divindade.
O saber que existe algo por trás de tudo que há neste mundo me faz pensar na perfeição das coisas e que, se não fossem as muitas escolhas equivocadas do próprio homem, não passaríamos por tanto sufoco.
Talvez por não conseguir assimilar com tanta facilidade aquilo em que os homens transformaram as religiões atuais, penso se tornar importante adentrar, por si só, no estudo da espiritualidade, para entender que não precisamos ser adeptos dessa ou daquela religião, mas sim entender que somos seres que necessitamos de fazer o bem, que não conseguiremos ser felizes, vendo nossos irmãos passando por dificuldades; e por dificuldades, entenda-se não somente a material, mas também a afetiva, psíquica, espiritual, etc.
Na história da humanidade, tivemos muitos exemplos como Buda, Jesus, Madre Tereza, Chico Xavier, dentre tantos outros, que dedicaram suas vidas ao bem do próximo. Todos esses avatares eram pessoas completamente espiritualizadas, que entenderam seu papel neste mundo.
Percebi que, para uma pessoa autista, isso quer dizer eu - porque sabemos que nenhum autista é igual ao outro, buscar entender a espiritualidade, a existência de algo superior a nós, não é acreditar no que é invisível aos olhos, mas sim acreditar no que é visível ao coração, entender que podemos ser pessoas melhores para nós mesmos e para o mundo.