O Autismo e o Impacto na Vida das Mães

O Autismo e o Impacto na Vida das Mães

Por Elaine Almeida
Conselheira Estadual ONDA-AutismoS/SP ; Coordenadora projeto TEAcolher Mães e Mulheres e Tecnóloga em Gestão Pública


Infelizmente, é inevitável o impacto do diagnóstico do autismo em toda a família. O recebimento da informação é concebido com forte choque, principalmente quando essa família não tem nenhuma informação sobre o assunto. A taxa de divórcio nesses casos é algo crescente. Isso pode ser observado quando conversamos com a maioria das mães, ou seja, é muito maior que nas famílias típicas, nas quais as crianças correm o curso normal de desenvolvimento.

Quando há essa ruptura familiar, geralmente os filhos tendem a ser cuidados pela mãe, que precisa lidar com o impacto do diagnóstico, com o divórcio, com a parada da carreira profissional ou dos estudos, com a fonte de renda, com o tratamento do filho (a), enfim, essa mãe/mulher precisa se reestruturar em um ambiente onde ela se vê sozinha.

O primeiro passo é recorrer à família, às pessoas próximas, mas algumas não encontram apoio. Os amigos se afastam, a vida social termina, os sonhos são deixados para trás, a sociedade não entende, há preconceito e olhares apontadores. Para onde correr?

Com a falta da rede de apoio, a grande maioria foca apenas em seus filhos e começa a sufocar seus sentimentos, o choro é constante, o desespero é o que se tem, o cansaço anda de mãos dadas.

Não é fácil lidar com tudo isso e não pensar na idealização na fase da gestação, então, para grande maioria, o sentimento é de frustração e amor, sentimentos confusos que necessitam de um olhar de empatia e também de profissionais.

Mas como conseguir externar esses sentimentos se não há a quem recorrer?

Fala-se muito, com cobranças, do tratamento e do acompanhamento das pessoas autistas, mas raramente fala-se de tratamento para para as mães, os quais também são pouco encontrados.

Não é exagero dizer que o nível de estresse das mães de pessoas autistas é o mesmo de soldados em guerra. Pesquisadores descobriram através de um estudo que as mães de pessoas autistas têm mais estresse que as mães de outras pessoas com deficiência. Foi descoberto que um hormônio associado ao estresse era extremamente baixo, consistente com pessoas que sofrem de estresse crônico, equivale a soldados em combate, isso foi relatado pelos pesquisadores em um dos dois estudos publicados no Journal of Autism and Developmental Disorders. Esses níveis hormonais têm sido associados a

Problemas crônicos de saúde e podem afetar a regulação da glicose, o funcionamento imunológico e a atividade mental, dizem os pesquisadores.

Hoje, em grupos de apoio nas redes sociais, no grupo do TEAcolher e no convívio com outras mães, temos observado quadros de ansiedade e depressão crescentes.

A rede de apoio é fundamental para ajudar e orientar essas mulheres, que são as cuidadoras de seus filhos. É fundamental que tenhamos essa rede ampliada no setor da saúde e da assistência social.



Referência:

Desavilityscoop.com