14 de maio - Dia da Conscientização da Apraxia da Fala
14 de maio - Dia da Conscientização da Apraxia da Fala
Apraxia da fala na infância
Por Viviane Lhul (Fonoaudióloga - Conselho de Profissionais)
Considerada por muitos uma habilidade inata, a fala precisa ser ensinada e requer treino. Para as crianças diagnosticadas com Apraxia da Fala, é necessário mais do que a convivência em diferentes contextos linguísticos para a aquisição da linguagem.
Falar parece uma tarefa simples mas é uma atividade bastante complexa e que envolve vários músculos na produção de movimentos que devem ser minuciosamente precisos. Para isso, é exigida a capacidade de realizar movimentos coordenados através da ação voluntária simultânea de diversos grupos musculares.
A fala engloba a adequada seleção de músculos necessários para cada movimento articulatório específico; envolve a duração dos movimentos dos articuladores; inclui a distância exata que cada articulador deve se movimentar e a velocidade aplicada no movimento; compreende também o nível de força aplicada a cada um dos articuladores e, por fim, o grau de contração empregado no movimento. Toda essa cadeia de movimentos arquitetonicamente intrincados que surgem e se desenvolvem naturalmente na grande maioria das crianças, não ocorrem assim tão naturalmente na criança com Apraxia de Fala.
De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) Apraxia é um distúrbio neurológico motor da fala na infância, decorrente de um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à fala, na ausência de déficits neuromusculares. Há prejuízos no planejamento e na programação da fala. Caracteriza-se pela inabilidade em sequenciar os movimentos envolvidos na produção articulatória devido a falhas na programação motora da fala.
A Apraxia de Fala ocorre por meio de alterações no processamento neurológico em que o cérebro não envia ao sistema motor os comandos necessários à produção do som.
A área do cérebro envolvida é o lobo frontal, responsável pelas funções executivas, embora exames de imagem possam evidenciar ausência de alterações.
Para a concretização da fala inteligível é necessária integridade cognitiva a fim de conectar o pensamento à linguagem através do acesso lexical e mapeamento fonológico para somente então atingir a sequencialização do planejamento motor, que envolve as fases de planejamento, programação e execução.
A perspectiva sonora é perceptivelmente a mais alterada, entretanto existe uma relação intrínseca entre os elementos linguísticos constituintes da fala e os níveis formadores de linguagem. Apesar de falhas na área responsável pela programação motora dos órgãos fonoarticulatórios serem o sintoma mais significativo da apraxia da fala na infância, comumente os problemas não limitam-se à área de produção de fala, denotando prejuízos no desenvolvimento da linguagem como um todo, manifestando-se em todos os domínios linguísticos, afetando inclusive a área da linguagem escrita.
Patologia de difícil elucidação, pois as inconsistências da fala causam frequentes dúvidas quanto ao diagnóstico diferencial entre apraxia de fala e outros quadros de linguagem ou até mesmo transtornos desenvolvimentais. Consequências dessa indecisão refletem na dificuldade de escolha do melhor tratamento.
O profissional qualificado a realizar tanto o diagnóstico quanto o tratamento é o fonoaudiólogo, através da investigação clínica. A variabilidade sintomatológica presente em cada caso engloba desde acometimentos mais leves até quadros severos. Condições mais graves podem necessitar de meios de comunicação alternativa.
Para a intervenção adequada, é necessário conhecer a complexidade do quadro de Apraxia, bem como sua caracterização, com o objetivo de elaborar um planejamento terapêutico eficaz. A intervenção precoce é muito importante e contribui para melhores resultados. A terapia fonoaudiológica persistente, com frequência de duas a três sessões semanais, apresenta-se como o melhor caminho na direção de minimizar a sintomatologia presente.