Corpo na Infância

Corpo na Infância

Por Pedro Ferreira
Conselheiro Profissional da ONDA-AutismoS
Psicólogo


Quando nascemos, somos nossos sentidos. Integramos o mundo como se tudo fosse um só, não há distinção.
O peito materno, as luzes no teto, o colo familiar, o calor das roupas e a fome trazem tudo o que temos durante o início da primeira infância (0 a 3 anos) – as impressões que o corpo encarna e seus efeitos ainda não ditos.

ㅤ Assim, iniciamos puro corpo até que somos tomados pela linguagem, somos inseridos na cultura, que dá significado ao que antes era apenas sentido. Essa é a relevância da compreensão da corporeidade como irredutível – o corpo humano toma forma de linguagem. Sejam crianças neurotípicas ou neuroatípicas, é a partir do ensino da palavra com corpo que somos inseridos como participantes da cultura.

ㅤ Criança faz barulho porque o corpo é barulhento. Sejam olhares, sinais, gestos ou frases, não silencie o corpo porque é ele quem diz e, através dele, que dizemos, pois, o que somos.

ㅤ Você lembra como foi crescer?

ㅤSaudade da escola

Uma criança passa em frente à sua escola e, no portão, vê uma faixa que diz "estamos com saudades". Traída, em um encontro virtual com sua professora, ela questiona "como pode ter cartaz se não pode ter gente? ".


Essa é a falta que a escola faz, não apenas de tinta, tarefas e merendas, mas de quem colore ao lado, estuda junto e faz seu prato. Educação é feita por gente. O tamanho de uma escola é o mesmo que o de seus educadores e alunos. Sua falta acontece para além da rotina, ela se aloja nos afetos.

ㅤEscolas são bem mais que conteúdos, são lugares de presenças.

Que tal uma série de contos e causos de escola?


O que é criança?
Da mesma maneira que nossa compreensão de infância é transformada a partir daquilo que colocamos como demanda para o infantil, também se transforma a criança.

Se anteriormente, no Ocidente, o trabalho infantil e a criação comunitária eram tidos como comuns, atualmente a criança evoca zelo e construção de individualidade. Se nas fotos antigas todos os pequenos e pequenas se assemelham, hoje não faltam vídeos e imagens que atestem suas diferenças. Nossas crianças não são as tidas por nossos avós.

A criança que pertencia a sociedade, agora pertence à família, e toda distinção é pouca quando a individualização é privilegiada. Na contemporaneidade, a criança cria os pais enquanto é criada.

O que é infância?

Para além de uma fase do desenvolvimento humano, a infância é uma ideia que não existe desde sempre. Na realidade, a infância tem menos idade que a criança que nem sempre foi tida como infantil. Pode parecer estranho, porém, por muito tempo, crianças foram adultos pequenos.


Nossa atual compreensão de infância apenas encontrou forma a partir da Segunda Guerra Mundial, quando o desamparo nas mortes de pais e maridos em campo de batalha colocaram as crianças como remanescentes do terror e apostas para um futuro promissor. Assim, naquele momento, mesmo não sendo quem deveriam, foram os que restaram.



ㅤ Então, a infância deixa de ser tão relativa ao tamanho das pernas e a força nos braços para ser entendida como investimento naquilo que está por vir e realização daquilo que não foi realizado. A infância muda conforme os adultos a mudam.

ㅤ Como foi sua infância?

Quando os pais de uma criança autista percebem que seu filho ou sua filha se comporta ou se desenvolve diferentemente de outras crianças de sua idade, começa um período que irá mudar suas vidas. Saberem que não estão sós e receberem informações com direcionamento para a sua jornada vai lhes dar a força e a motivação para percorrerem seus caminhos.

Dessa forma, o e-book traz informações necessárias às famílias das pessoas autistas, desde a primeira dúvida até os direitos que vão garantir qualidade de vida de seus (suas) filhos (as) ao longo da vida, além de dar destaque aos cuidados com a saúde física, emocional e mental dos pais.

O e-book foi dividido em: 1o Do diagnóstico ao prognóstico; 2o Da pessoa autista – 2.1 Eu, pessoa autista, 2.2 Meu filho ou minha filha autista; 3o Da participação familiar – 3.1 Eu: mãe ou pai de pessoa autista, 3.2 Eu: parceiro ou parceira, 3.3 Nós: o casamento, 3.4 Eles: os familiares; 4o Da vida escolar; 5o Das terapias; 6o Dos direitos – 6.1 Do direito à saúde, 6.2 Do direito à educação. 6.3 Do direito – capacidade civil, 6.4 Do direito ao lazer. [Grifo nosso]