O ESPORTE PARA O AUTISTA

O ESPORTE PARA O AUTISTA

Giovani Ferreira
In Memorian
Conselheiro Estadual SC
Pedagogo e graduado em Judô
Coordenador do Paradesporto da Federação Catarinense de Judô; técnico da seleção brasileira de judô de DI


Hoje em dia, já ninguém mais discute sobre a importância do esporte na vida de todo ser humano. É comprovadamente importante, eficaz e prioritário na vida de todos, seja a prática de um futebol com os amigos, uma caminhada no parque, seja em âmbito de alto rendimento, todos precisamos.

E, quando falamos sobre o esporte para pessoas com TEA, toma uma maior proporção esse apelo ao uso do esporte como instrumento de transformação de vidas. Tenho vários alunos autistas de diferentes idades, e, além disso, sou pai e técnico de um judoca Campeão Mundial de Judô, que também é autista. Como cada autista tem suas peculiaridades, todo profissional que trabalhar com eles tem que estar preparado, entusiasmado... E por que não dizer apaixonado?

Temos que comemorar cada braçada, cada pedalada, cada passo dado, incentivar o crescimento e o progresso, respeitando o limite de cada um, desafiar o autista a conhecer coisas novas por meio do esporte, estimular sua participação em eventos, tratar o autista não como alguém que precisa de sua pena, ou passível de favor, mas tratá-lo como alguém que busca, no esporte, o que ele pode proporcionar, como:

– Socialização – o autista que tem problemas, por exemplo, com o ‘toque” pode aprender a abraçar, a comemorar, a ter comunhão com o próximo. Seja um esporte coletivo ou individual, o esporte sempre vai proporcionar relações pessoais.

– Autoestima – o autista, por meio de suas conquistas pequenas ou grandes ao longo de sua caminhada no esporte, vai ganhar confiança em si mesmo, vai sentir-se parte de algo, e isso vai lhe trazer a autoestima.

– Melhoras significativas na condição física – cardiorrespiratório: aprender a respirar corretamente pode ajudar durante uma crise. Alguns esportes inclusive funcionam como inibidores de autistas que ‘machucam” a si mesmos, pois o autocontrole e a melhora de concentração vai ajudar muito. Alguns esportes podem proporcionar a diminuição da estereotipia por causa das repetições que ocorrem durante a prática de determinado esporte.

– Coordenação Motora – ganho significativo na coordenação motora num todo. Podemos começar a incluir na sua rotina movimentos que pareciam impossíveis para eles.

– Incentivo à conexão – muitos autistas têm grande dificuldade em conectar-se com o meio ambiente apresentado ou até mesmo com pessoas. O esporte pode proporcionar a “quebra” dessa barreira de interação e comunicação.

– Promoção do bem-estar, alegria – o esporte, sem dúvida, pode trazer para o autista experiências incríveis como seres humanos, liberando em seu corpo a química que gera bem-estar e alegria.

Enfim, um dos principais aspectos que o esporte pode e deve abranger na vida de pessoas com TEA é a inclusão social. O esporte tem esse poder, esse potencial e, por consequência, tem essa responsabilidade.

Deixo uma sugestão para todos pais que procurarem algum esporte para seus filhos: existem muitas opções, mas busque um profissional que, além de conhecimento técnico, tenha “algo mais”. Sei que nem todos vão entender essa sugestão, mas fica a dica.