A importância do diagnóstico.

A importância do diagnóstico.

Por Cláudia Moraes
Vice-Presidenta da ONDA-Autismo

Francilene Vaz
Conselheira da ONDA-Autismo Amapá
TEA/ Superdotação
Criadoras do perfil superdotacao_entreirmas


"Receber o diagnóstico de autismo em qualquer idade é um desafio, mas, principalmente na idade adulta, creio ser um desafio maior, porque é necessário desconstruir o arquétipo da mulher típica para assumir a identidade atípica. E esse é um processo lento até a descoberta de ser quem você sempre foi, só não sabia. " Cláudia Moraes
Sabemos que quanto antes forem feitos os diagnósticos, aumentam as probabilidades para maior desenvolvimento, isso se dá também para a escolha das intervenções adequadas para cada caso.
Mas e quando vivemos em um país onde não há políticas que garantam diagnósticos precoces e ainda enfrentamos barreiras como as étnicas, a pobreza e a escassez de informações? Como o adulto chega a um diagnóstico? Como lida com ele? Esse é o assunto a ser tratado neste texto.

No pós-diagnóstico, além das escolhas profissionais, é necessário assumir as indicações medicamentosas, pesar benefícios a curto prazo e efeitos colaterais a longo prazo.
As condições associadas como Ansiedade, Depressão, Dores Crônicas são as que exigem maior comprometimento com o tratamento, pois são também aquelas mais negligenciadas pela falta do diagnóstico ou até mesmo por um subdiagnóstico.

Um dos principais desafios pré e pós-diagnóstico é a autoaceitação, o autoacolhimento.
Esse perdão pessoal por demandas que você desconsiderava, ou até mesmo nem sabia que precisava, ou até mesmo que estavam associadas à sua condição é extremamente necessário.

A partir do momento em que você percebe onde estão as "lacunas" de uma vida inteira sem diagnóstico, você consegue também identificar a melhor abordagem terapêutica.
Uma vez que o "ser autista" nos faz únicas, não há uma "receita" pronta a ser seguida.

Até pelo TEA ser multifatorial, há necessidade de intervenções em várias frentes, aí caímos na armadilha que pode ser escolher uma intervenção que você possa pagar quanto tantas outras são necessárias, e os serviços públicos não contemplam, ou apenas crianças são contempladas.

É de conhecimento de todos que muito tem sido feito para que o diagnóstico precoce aconteça e, felizmente, muitas crianças têm sido alcançadas por essas iniciativas. Contudo, precisamos ratificar que o TEA é uma condição permanente. E hoje essa criança que busca um diagnóstico, daqui a 10 anos, não terá sua necessidades atendida, se ações para as intervenções na fase adulta não forem uma realidade.