O lado bom de ser pai

O lado bom de ser pai

Por Elson Gomes Rabelo
Pai da Poliana e Francisco.
Esposo da Francilene Vaz, Conselheira Estadual ONDA-Autismo Amapá


Ser pai é muito bom.
Filhos são respostas de orações feitas a Deus.
De todos os sonhos e pedidos, ainda da juventude, do período que decidimos constituir família, lá estavam eles, os filhos, entre as nossas prioridades.
Ser pai e viver o privilégio de acompanhá-los em suas etapas de crescimento, desde o primeiro toque (chute) ainda na barriga da mãe, como uma resposta positiva para todas as iniciativas futuras de muitas brincadeiras e diversão.
Entender que nossos filhos, Poliana e Francisco, viriam depois de duas grandes perdas para nós, foi consolador, foi um refrigério, pelos filhos que não nos foram permitido criar, amar e ver crescer. Esses filhos são nossos filhos também. E lembramos deles com saudades, mesmo depois de dez anos. Contudo, agora, celebrar dia a dia os nossos filhos que estão vivos, cheios de energia, é o nosso real presente e, sem dúvida, meu grande desafio enquanto pai.
Ser pai de filhos autistas é minha missão. É como andar nas nuvens e poder sonhar acordado, e ter cautela e cuidado necessário para não cair em meio às crises que ocorrem de forma tão inesperada.
Ser pai por si só é maravilhoso, mas ser pai de autistas com níveis de suporte diferentes chega a ser mágico.
Poliana, nível 3, com toda a sua meiguice, nos ensina muito mais sem palavras do que muitos. Com ela, aprendi a comunicação do amor através do silêncio, a ouvir o som do coração. E como é linda a voz do coração da minha filha. É capaz de ver a minha alma com seu olhar tão marcante, intenso e me preencher daquilo que tenho falta.
Francisco, nível 1, é o nosso cálice transbordante, cheio de surpresas, musicalidade e tagarelices sem fim. O corpo dele não para quieto e me motiva a estar em movimento e a buscar acompanhá-lo em suas demandas. Ele veio quando eu nem imaginava ser pai novamente. Desde a notícia de que ele viria, já sentia que um menino estaria a caminho e que, em comum acordo com sua mãe, poderíamos homenagear nossos pais e, assim, chegou o Francisco Neto.
O autismo dos meus filhos causou medo, um susto no início. Não saber o que era aquele diagnóstico que recebemos, para os dois filhos, foi quebra de padrão. Mas entender que eles são hoje a razão de lutar e conquistar me motiva como pai a ser e fazer o melhor sempre. Sou de fato um homem, uma pessoa melhor com a chegada deles. O autismo deles definiu meu caráter para ser melhor, todos os dias.