Maternidade Atípica

Maternidade Atípica

Por Leila França Conselheira Estadual Alagoas da ONDA-AutismoS e mãe atípica do Pedro e da Bia.

Por trás de uma criança autista que consegue fazer progressos e desenvolve novas habilidades, tem uma mãe que mudou o curso da sua vida pessoal, deixou em segundo plano a carreira profissional, trancou uma faculdade, para cuidar, educar e acompanhar de perto o tratamento e o desenvolvimento do seu filho.



Quando uma mãe recebe o diagnóstico de que seu filho está dentro do espectro autista, começa sua peregrinação. Nenhuma mãe está preparada para receber tal notícia. É a partir desse momento que se descobre o longo e árduo caminho o qual terá que ser desbravado.



A mãe mergulha de cabeça em um oceano de incertezas, medos, angústia, desespero, mas, com o passar dos dias, cada pequena conquista vai sendo comemorada como uma vitória gigantesca.



Ser mãe de autista é ser de alguma forma professora e aprendiz ao mesmo tempo, é ter a missão de ensinar o que sabemos e continuar aprendendo diariamente sobre um universo de possibilidades.



A mãe de autista vê documentários científicos, assiste a filmes e séries sobre o assunto, lê dezenas de livros, tudo na esperança de entender cada vez mais sobre o espectro e suas particularidades.



A mãe reza para ter sido agraciada com uma criança superdotada, que desenvolva suas melhores aptidões com o passar dos anos mesmo sabendo que a probabilidade de que isso aconteça é mínima.



A mãe também se torna pesquisadora, inventora, colaboradora dos médicos e dos terapeutas que acompanham seu filho, aprende sobre psicologia, fonoaudiologia, terapias sensoriais e, quando se dá conta, o autismo tornou-se uma bandeira de luta, a causa da sua vida.



A mãe do autista coloca toda sua energia e deseja com todo seu coração contribuir de alguma forma para tornar esse mundo um lugar melhor, a meta é que crianças autistas tornem-se adultos independentes capazes de sobreviver neste mundo caótico.



A grande preocupação de uma mãe é não saber como seu filho vai sobreviver no futuro em um mundo que ainda é despreparado e preconceituoso, o maior medo é deixá-lo. Quem vai cuidar quando a mãe não estiver mais aqui?



A luta é grande, mas o amor, o empenho, a dedicação e principalmente a esperança dessa mãe são maiores que qualquer desafio.