Quais os sinais de Autismo em bebês?

Quais os sinais de Autismo em bebês?

Jeane Rodrigues
Conselheira Estadual MG/ONDA-AutismoS


Primeiramente, temos que compreender que, quando falamos de Autismo, estamos falando de um ESPECTRO e não de um padrão.
Por isso, os sinais, comportamentos e características podem variar de criança para criança.
De qualquer forma, o mais importante é que os pais e os cuidadores estejam atentos aos primeiros sinais, que de uma forma geral, acabam se apresentando na maioria dos casos.
Então, vamos lá!
Sabemos que o Autismo altera 03 áreas do neurodesenvolvimento, e, por isso, vou deixar aqui ALGUNS dos sinais que podem ser encontrados em cada uma dessas áreas.
Na comunicação:
Um dos sinais mais marcantes nessa área do desenvolvimento e que aponta um alerta para o Autismo é a fala.
Assim, uma criança com desenvolvimento de 02 anos, por exemplo, deve formar frases de 3 palavras e ter um vocabulário de 250 palavras aproximadamente.
Se seu filho tem essa idade e apresenta atraso ou dificuldade de fala, procure um profissional capacitado para uma avaliação!
Além da fala propriamente dita, é comum também a ausência ou a dificuldade de linguagem gestual e imitação. Crianças autistas comumente têm dificuldades de se comunicarem ou entenderem gestos, além de não conseguirem realizar imitação com sucesso.
Outro fator importante aqui é que pode ocorrer ainda a perda de habilidade nessa área, ou seja, a criança inicia o processo de desenvolvimento de fala e depois vai parando de falar, perdendo, assim, a habilidade que já havia conquistado. Por fim, os pais precisam estar atentos ao que chamamos de ecolalia, que acontece quando a criança repete uma mesma palavra ou frase variadas vezes ao longo de um período ou até dias, sem que isso esteja relacionado a um contexto ou assunto no momento na repetição.

Na socialização:
Outro sinal bem característico do Autismo é a dificuldade de interação social apresentada pela criança. É comum vermos crianças autistas que não vão no colo de pessoas conhecidas ou até familiares. Não gostam de brincar com outras crianças ou têm preferência por brincarem com crianças mais velhas ou com adultos. Há também aquelas que preferem brincar sozinhas. Outro fator importante é que essas crianças podem ter resistência ou dificuldades em permanecer em locais com muitas pessoas apresentado-se nervosas ou agitadas quando rodeadas de muita gente. Ou ainda apresentando apatia e/ou desinteresse por interagir, mesmo quando estimuladas. Podem ainda não responder quando perguntadas sobre seu nome, por exemplo, mesmo que já saibam falar. E, apesar de não ser uma regra, podem evitar o contato visual ou até olhar, mas rapidamente desviarem o olhar. Importante lembrar que um contato visual satisfatório deve durar no mínimo 2 segundos.

No comportamento:
É comum que crianças autistas apresentem comportamento diferente de um padrão esperado para crianças de sua idade.
Algumas podem apresentar o que chamamos de interesses restritos, sendo aquelas crianças que manifestam interesse por poucas coisas, como crianças que só brincam com um determinado tipo de brinquedo apesar de terem muitos brinquedos à sua disposição.
Importante também falar do hiperfoco, que se explica pelo interesse incomum ou exagerado por uma determinada coisa ou assunto, como dinossauros ou insetos. É comum que, em razão do hiperfoco, a criança mantenha interesse frequente no seu tema de interesse e saiba tudo ou tenha muitas informações a respeito dele.
Os movimentos repetitivos também devem ser observados com cautela. Crianças que fazem sempre os mesmos movimentos com a cabeça ou as mãos, por exemplo. Que dão "tchau " o tempo todo, mesmo que não seja um momento de despedida. Outro fator interessante também observado em muitos casos é o ato de andar na ponta dos pés.
Além desses sinais acima, vale a pena ressaltar ainda:
Riso inapropriado, que acontece quando a criança ri sem motivo aparente ou tem "crises de riso" em momentos em que isso não se justifica.
Frieza emocional, quando a criança aparentemente parece não se importar com o sentimento do outro.
Poucas demonstrações de dor, o que é observado em crianças que caem ou batem a cabeça em algum lugar, por exemplo, e, mesmo assim, não choram e parecem não ter sentido nenhuma dor.
Gostar de brincar sempre com o mesmo brinquedo ou objeto.
Dificuldade em focar-se numa tarefa simples e concretizá-la, quando a criança tem pouca ou nenhuma concentração em alguma atividade ou brincadeira e muda de uma atividade para outra muito rápido e sem terminar o que começou.
Não ter, aparentemente, medo de situações perigosas, sendo consideradas muito "corajosas” e necessitando de vigilância o tempo todo.
Ficar repetindo palavras ou frase em locais inapropriados.
Não responder quando é chamado pelo nome como se fosse surdo, razão pela qual é comum os pais procurarem ajuda com fonoaudiólogo pensando que a criança tenha algum problema auditivo.
Acessos de raiva.
Dificuldade em expressar seus sentimentos com fala ou gestos.
Podem ser ainda crianças consideradas "muito inteligentes” por aprenderem muitas coisas sozinhas, como ler e contar, por exemplo.
Também é comum a criança apresentar especial interesse por objetos que giram e por brincadeiras ou atividades que envolvam água, por exemplo.
Por fim, é importante citar a hipersensibilidade auditiva que algumas crianças podem apresentar o que acontece quando demonstram nervosismo, incômodo ou choro ao ouvirem determinados sons ou ruídos.
Caso sua criança apresente esses ou outros comportamentos que despertem suspeita ou preocupação, procure um profissional capacitado para uma avaliação o mais rápido possível. Quanto antes se tiver o diagnóstico ou hipótese diagnóstica, maiores são as chances de evolução e desenvolvimento.
Desconfie de profissionais que justifiquem os atrasos no desenvolvimento de uma criança afirmando que "cada criança tem seu tempo". Existem marcos do desenvolvimento que DEVEM ser atingidos na idade correta e adequada, e, quando isso não ocorre, estamos diante de um ATRASO no desenvolvimento, que precisa ser investigado.