TEA & Literalidade

TEA & Literalidade

Por Adriana Ferreira
Conselheira Estadual SC/ONDA-AutismoS


Um dos ... Casos & Causos do João

Muitas pessoas que estão no espectro autista, tem dificuldade de compreender o que a outra pessoa quer dizer quando se faz o uso de figuras de linguagem, duplos sentidos, piadas, metáforas e ironias.

Geralmente isso ocorre de forma geral, pelo fato do cérebro da pessoa autista processar a informação de forma diferente. Na maior parte das pessoas com TEA apresentam um raciocínio linear e mais inflexível. Dessa forma os pensamentos se dão de forma regular e constante, apresentando começo, meio e fim, sem levar em conta os fatores ocasionais que podem influenciar direta ou indiretamente.

Essa característica envolve também um vocabulário mais literal, ou seja, a pessoa fala exatamente o que quer dizer e interpreta o que foi falado exatamente como foi dito, sem meio termo e rodeios.

Quando fazemos uso de recursos que alteram os significados das palavras, podem gerar dificuldades na interpretação da mensagem, prejudicando assim os diálogos e interações sociais de uma forma geral.

É comum usarmos figuras de linguagem, principalmente em conversas informais, e muitas vezes usamos de forma automática, o que não é um problema.
Porém, pensando nas interações com pessoas com TEA, seria mais prático utilizarmos linguagem literal e objetiva; e, no caso de usarmos as figuras de linguagem, fazer isso de maneira didática e explicando o sentido literal.
Estávamos escutando na rádio uma entrevista com a veterinária que explicava sobre diabetes nos pets, que quando for encontrado abelha ou formiga na urina do seu pet, é um sinal de alerta pois ele pode estar doente.
João me olhou pensativo e perguntou: como vai sair abelha ou formiga pelo xixi? Para nós é algo engraçado, mas para ele foi algo difícil de assimilar. Precisei fazer ele pensar e repensar no que foi dito, para só assim ele perceber que a veterinária estava se referindo as abelhas e formigas estariam no lado de fora do pet, no xixi que ele havia feito no chão.