TEA & Morte & Luto

TEA & Morte & Luto

Por Adriana Ferreira
Conselheira Estadual de SC/ ONDA-AutismoS


É muito importante falarmos de assuntos relacionados ao TEA, para desmistificar alguns pensamentos que ainda prevalecem, como o que o autista vive no mundo da lua, em um mundo à parte ou que não tem sentimentos.
Muitos ainda pensam assim, que a pessoa autista não tem sentimentos, por não chorar ou demonstrar sua dor ou sofrimento.
Não acredito na frieza ou falta de empatia da pessoa autista, mas acredito sim que sinta, sofra e demonstre de um jeito diferente. E não mais leve do que o luto do neurotípico.
João passou por três lutos em sua vida. Avós paternos e seu pai.
Cada perda foi uma reação diferente. Se teve choro?
Apenas quando o pai foi entubado, ele chorou.
Mas claro que ficou muito triste com a perda dos avós, ficou dias pensativo, isolado.
João lida com o luto de uma maneira diferente, não quer dizer que ele não sofra ou que sinta menos dor, apenas reage de outra maneira.
Expressa seu luto, muitas vezes, ficando pensativo, trancado por horas em seu quarto ou anotando todos os dias em seu caderno, "um dia a menos sem o pai".
Também demonstra o luto, a saudade, ouvindo músicas que o pai gostava ou que façam lembrar o pai, como as canções que nos apegamos enquanto Giovani estava entubado, canções que nos traziam esperança.
Acredito que esse tipo de luto possa ser mais difícil ou dolorido.. Não sei!
Pois, quando choramos e verbalizamos tamanha dor, isso nos ajuda a expressar aquilo que sentimos e, de certa maneira, traz alívio. Já ficar guardando o luto para si, sem verbalizá-lo ou expressá-lo através de choro…Acredito que traga mais sofrimento.
Quando passamos em frente ao hospital em que o pai estava internado, percebo que ele vira a cabeça e fica olhando para o hospital. Também fala que no judô, muitas vezes, fica triste pois pensa no pai. De vez em quando, solta alguma coisa relacionada à perda do seu pai, e isso é sentimento, isso tem relação com: O SEU LUTO.